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terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Relatório da I Oficina de clarinetas da Sociedade Filarmônica Euterpe Lapense

A oficina nasceu da necessidade de “um olhar mais apurado” sob cada instrumento específico, corrigindo “vícios” que muitas vezes passam despercebidos aos olhos de um professor que dá aula para todos os instrumentos.
A Filarmônica Euterpe Lapense, já com frutos de sua escola, reativada desde 2003, vem desenvolvendo trabalhos voltados ao incentivo à música para os jovens lapenses, como um meio profissional, de sobrevivência. Nesse intuito, muitos dos que já participaram da entidade, querem viver de música profissionalmente. Exemplos disso são os jovens Tiago que hoje é o professor responsável na filarmônica e Geisiane, que está cursando na Universidade Federal da Bahia, o curso de Bacharelado em instrumento (clarineta).
Diante todo incentivo que a filarmônica ofereceu a esses dois jovens, eles agora retribuem através do que sabem. Geisiane preparou a oficina de clarinetas, como uma primeira etapa, para dar continuidade. A metodologia utilizada foi intensiva e dinâmica, revezando aula individual com aula em grupo. Realizou-se nos dias 03 á 07 de Janeiro de 2011 com quatro clarinetistas e teve carga horária total de 30 horas.
É importante ressaltar, a presença de dois integrantes da Filarmônica Lira do Corrente, que participaram integralmente de todos os dias da oficina, como alunos de clarineta.

Conteúdos

Conhecendo a clarineta: foi mostrado para todos os alunos a importância de cada parte da clarineta, como montar e desmontar, onde surgiu, limpeza e cuidados.
Higiene para o instrumentista: os alunos conheceram a importância de uma higiene bucal bem feita, e dos riscos que ele e o instrumento correm na falta da higiene.
Exercícios de respiração: em aulas individuais foram realizados exercícios de respiração com e sem a clarineta, como “nota longa” e “alteração de registro”.
Sonoridade: em aulas individuais e em grupo, falou-se da importância do “som redondo” e das notas bem articuladas.
Estudo de escalas: exercícios com escalas maiores, menores e cromática, foram apresentadas aos alunos para ajudar na técnica clarinetística de cada um.
Estudo do stacatto: exercícios para perceber o uso correto da língua no stacatto, com todas as notas.
Agudos: exercícios crescendo e decrescendo para controlar o som no agudo.
Digitação da clarineta: estudos para perceber a posição correta das mãos. Estudo do método, mão direita e mão esquerda lento.
Dinâmica e expressão musical: foram trabalhadas peças populares e eruditas, de acordo com o nível de  cada aluno para trabalhar a técnica, dinâmica e expressão musical.
Música de câmara: foram trabalhadas peças para trios de clarineta, estudando dinâmica e acentuando o trabalho em conjunto.
Embocadura e  problemas na posição do instrumento: os alunos conheceram a importância de uma embocadura correta e os problemas de saúde que a posição incorreta pode causar.
Métodos para estudo musical: foram apresentados aos alunos vários métodos que trabalham com as principais dificuldades dos clarinetistas.

Metodologia utilizada
As aulas realizaram-se em forma de “Master class” (em grupo) e individuais, uma hora diária para cada aluno.

Dificuldades encontradas

Ao longo da oficina foram percebidas muitas dificuldades:

Uso incorreto da língua: a articulação de alguns alunos era exagerada e abertura de garganta sempre acontecia.
Embocadura incorreta: todos os alunos estavam com problemas de embocadura, alguns com a posição torta e outros fazendo bochecha.
Posição das mãos incorreta: todos os alunos tinham dificuldades na posição das mãos, e muitos dedos estavam em posição tão incorreta, que poderiam até causar algum problema de saúde.
Impaciência para tocar rápido: essa é uma dificuldade que todos os instrumentistas passam, mas que atrapalha no estudo apurado, pois deve começar lento e acelerar com o tempo.
Dificuldade com estudos de trio de clarinetas: esse trabalho é novo para os alunos, não estão acostumados a ouvir a sonoridade dos outros, e aí foi um ponto difícil de trabalhar com eles.
Dificuldade em dinâmica e expressão musical: um ponto grande de dificuldade, a preocupação com as notas era maior do que com a própria música que executavam.
Instrumentos defeituosos: além das clarinetas não serem de grande qualidade, ainda estavam em péssimo estado de conservação devido à grande dificuldade financeira que as filarmônicas passam.
Dificuldade rítmica: um dos alunos ainda estava com problemas de leitura rítmica o que dificultou na escolha de métodos de estudo.


Objetivos alcançados

Nessa primeira oficina, o incentivo ao estudo da clarineta, foi o principal objetivo alcançado. A valorização do instrumento na filarmônica, agora é maior, depois de todo estudo para demonstrar a linda sonoridade do instrumento. Os alunos conheceram a importância da clarineta no Brasil, e os leques para se trabalhar com música em nosso país. As dificuldades encontradas foram reduzidas e alguns métodos de estudos aplicados, como o estudo na frente do espelho vão ajudar a perceber o erro e consertá-lo. A dificuldade rítmica foi comunicada ao professor da filarmônica que já se comprometeu a dar uma atenção especial a esse aluno.
As orientações de estudo para depois da oficina foram dadas e até foi feito para cada aluno um esquema de estudo, cronometrando o tempo destinado à clarineta.
A I oficina de clarinetas da filarmônica Euterpe Lapense, foi a primeira na nossa região, e com toda certeza a semente foi lançada, para mais trabalhos como esse nessa filarmônica e nas demais.


Atividades especiais

Durante a oficina foram realizadas duas atividades especiais, dirigidas a todos os integrantes da Filarmônica Euterpe Lapense.  A primeira foi uma aula de respiração, sem o instrumento, expondo todos os cuidados com a saúde respiratória e conhecendo toda a fisiologia do sistema respiratório, o processo do ar em nosso corpo dentre outras coisas. A aula foi bastante proveitosa, tendo a participação de todos e cessando as dúvidas sobre o assunto.
A segunda atividade foi uma palestra sobre “Os caminhos para o músico e sua importância”, esclarecendo dúvidas sobre as diversas profissões na área da música, sobre legalização da profissão, a importância na vida do ser humano, a atual difusão  da música com novas profissões, preconceito e a lei 11.769/08 sobre a obrigatoriedade do  da música no ensino básico.

Pessoas envolvidas

Realização: Sociedade Filarmônica Euterpe Lapense
Idealização: Geisiane Rocha da Silva (estudante do Bach. Instrumento/clarineta UFBA)
Coordenação: Geisiane Rocha da Silva, Solange Bernadete Moureira Chaves (presidente da filarmônica) e Tiago Costa (professor e trombonista da Filarmônica)
Professora de clarineta: Geisiane Rocha da Silva
Colaboração especial: Prof. Dr. Pedro Robatto (professor de clarineta da UFBA), diretoria da Filarmônica Euterpe Lapense e Filarmônica Lira do Corrente (Santa Maria da Vitória)
Alunos da oficina: Jailton Souza da Silva (Lira do Corrente)
                              João Damasceno Xavier Neto (Euterpe Lapense)
                              João Paulo Soares Nogueira (Euterpe Lapense)
                              Pablo Castro de Sousa (Lira do Corrente)

Considerações finais

É perceptível a necessidade do interior da Bahia em ter atividades como essa. O ensino de um determinado instrumento deve ser realizado por um instrumentista do mesmo. Só assim os erros vão aparecer e conseqüentemente poderão ser extintos. O ensino musical no interior sofre muito pela falta de profissionais da área, e da valorização da própria população.
Bom Jesus da Lapa fica á quase 900 Km da capital, o que dificulta o contato com os diversos tipos musicais e com a profissionalização dos jovens lapenses na música. A passagem custa caro e a filarmônica, sofre com a falta de recursos e de sede própria. Tudo isso, desmotiva muito a todos dessa entidade, que mais representa na cidade a cultura.
É muito importante para um estudante de música, realizar trabalhos como esse, principalmente naquela primeira escola que acolheu o seu sonho na música. Foi com esse intuito, que Geisiane Rocha da Silva realizou essas atividades, com toda a orientação do seu professor Pedro Robatto que muito incentiva seus alunos a executarem projetos como esse. O professor Pedro não só toca e ensina clarineta muito bem, mas incentiva os seus alunos a ensinarem. Ele acredita muito que o professor aprende com os alunos e que só a prática traz o aprendizado total.
Um agradecimento especial a todos os professores da Universidade Federal da Bahia, que incentivam os seus alunos a realizarem atividades como essa. Em especial aos professores Pedro Robatto, responsável pelo ensino de clarineta de Geisiane, e ao Professor Joel Barbosa, que desenvolve metodologias de ensino em bandas.

Referências

ENDRESSEM, R. M. – Supplementary Studies for clarinet
JEANJEAN, Paul – “Vade0Mecum” du Clarinettiste six etudes specials
KALMUS, Clarinet series, nº 3412 – Album of short easy pieces by various composers for two clarinets- Book I
MICHAEL, Story (arranger) - Pop trios for all
STAMITZ, Carl (1745-1801) – Concerto nº 3, II movimento, Romanze
MORAES, Vinícius – Eu sei que vou te amar



                                                        “Sem a música, a vida seria um erro.” (Nietzsche)


Bom Jesus da Lapa- Bahia, 18 de Janeiro de 2011





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Geisiane Rocha da Silva
Professora da oficina e estudante do Bach. em instrumento (clarineta) UFBA





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Solange Bernadete Moureira Chaves
Presidente da Sociedade Filarmônica Euterpe Lapense

3 comentários:

  1. Lindíssimo trabalho, Geisi!!!
    Continuemos fazendo a nossa parte!!!
    Beijão
    Carlinhos Veiga

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  2. Muito obrigada professor!
    Temos que fazer a nossa parte mesmo! Foi uma excelente experiência que deve continuar!

    Beijão e valeu pelo incentivo que sempre demonstra aos seus alunos!

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  3. Geisi e Jailton,que figuras inacreditáveis!Ensinando e aprendendo a como tocar uma clarineta.rsrsrsrsrsr

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